Percalços de uma Restauração



Você já foi olhar vários antigos que estavam anunciados e finalmente acha um que te agrada e que atenda suas necessidades. Já começou a fazer pequenas manutenções para o carro poder rodar com segurança e atender o principal quesito de um automóvel, se locomover. Viagens realizadas, amigos feitos e presença marcada nos encontros. Tudo fluindo bem, fora algumas eventualidades como acabar a gasolina por que o marcador não estava funcionando direito ou o platinado que precisava ser lixado, nada além do comum. Chega a hora o em que você decide dar vida nova ao seu clássico, recompensar ele pelos anos de guerra e o os bons momentos prestados a você e as pessoas ao redor dele. Nesse momento o sonho de ter um antigo começa a se tornar um pesadelo.

Dinheiro não cresce em árvores.
                Diante a decisão de se fazer uma restauração ou até mesmo uma reforma, começa então a saga de se capitalizar, buscando dar o melhor para o seu veículo. É normal o proprietário do veículo se abster de certas atividades para poupar dinheiro, trabalha mais e até vender outros carros ou itens pessoais para levantar fundos. Sacrificante muitas vezes, mas em prol de uma prioridade maior.
Já com parte do dinheiro necessário na mão, o próximo passo será começar a procurar pessoas capacitadas para alinhar aquele farol que está um pouco fora de esquadro, catar aquele amassado na lateral e tratar os pontos de corrosão presentes e pintar o carro. Também ir atrás daquele profissional que seja capaz de refazer o interior de maneira que te faça voltar no ano seu veículo, ter o “Touch and Feel” de um clássico 0 KM. Além de ir atrás daquele que consiga tirar a folga da direção e do trambulador e dar um acerto fino na carburação. Muitas vezes essas pessoas são indicadas por amigos próximos ou parentes por já terem alguma reputação no ramo, mas infelizmente nem sempre pode se contar com isso. Lembrando, profissionais de renome tem seu preço e não é barato.

Indo por partes.
                Escolhido o funileiro, pintor, tapeceiro e o mecânico, começa-se a designar serviços. Normalmente se desmonta o veículo para começar os trabalhos. A carroceria vai para a oficina de funilaria, a mecânica do carro é encaminhada para o profissional responsável, e os bancos e forrações vão para o tapeceiro. Comumente é combinado de pagar os serviços metade no começo e metade no final e já adiantar a primeira parte, visando ter produtividade e cumprir com a parte do combinado de quem contrata o serviço (dono do carro).

Carros antigos, problemas antigos!
                Carro e materiais entregues, prazos estipulados e valores iniciais pagos, até aqui nada além do normal, mas não é difícil nessa parte do processo as coisas começarem a desandar, e nem incomum. Dado o começo dos trabalhos o dono do veículo frequentará as oficinas que contratou o serviço para averiguar o trabalho. Nesse estágio de fiscalização é fácil se passar uma, duas semanas e até um mês e nada ser feito, continuando tudo da mesma forma em que foi entregue. Em alguns casos o proprietário pode vir achar bom está situação, pois é muito provável que o prazo final não seja cumprido, e com o não cumprimento dessa parte do acordo, o proprietário do veículo demorará mais tempo para pagar a segunda metade do valor acertado, logo ficando mais confortável financeiramente para o mesmo, amenizando um pouco a frustração de não estar vendo produtividade em seu carro.
            Nesse ponto de uma restauração ou reforma normalmente acontece duas coisas: O proprietário se acomoda com a situação e passa a ir cada vez menos nas oficinas ou fica enervado e passa a frequentar cada vez mais as oficinas. E as duas atitudes podem ter consequências ruins, pois a primeira implicaria em prazo final cada vez maior e mais distante, sem contar com peças que somem, acabamentos que quebram e serviços que acabam precisando ser refeitos em detrimento do tempo. A segunda pode até resolver a situação, porém pode acarretar também transtornos com a polícia e com a justiça. Nada que não se resolva, mas não deixam de ser dores de cabeça a mais.  

Ficção imitando a realidade.
Esse texto seria uma reportação fiel de uma tragédia ou uma inspiração para um filme de drama, pena que é a realidade enfrentada por muitos nesse meio. Junto com as historias de achados guardados à muito tempo, viagens feitas, a frustração com serviços feitos nos antigos também é um assunto frequente nas rodas de conversa. Seja por desleixo do proprietário, má vontade e administração do das oficinas ou simplesmente desinformação de ambas as partes (do dono do carro por as vezes não conseguir avaliar o profissional e da pessoa que executa o serviço, por mesmo tendo pego o trabalho não consegue dar conta da empreitada). O perigo das reformas e restaurações é real, portanto deve-se pensar duas vezes antes de parar um carro que esta servindo ao seu propósito para uma intervenção tão grande.
Uma dica simples que pode ajudar muito pra quem almeja encarar algo do tipo, ou já está passando por algo semelhante é procurar oficinas que trabalhem com contratos e arquivar o máximo de conversas e documentos possíveis. Ter muita paciência talvez não seja uma coisa boa, mas perder a razão não é uma atitude muito recomendada caso alguém esteja passando por isso.

publicado por Nathan 01, abril, 2018

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