Injeção X Carburador
Desde que as injeções
eletrônicas programáveis se popularizaram no Brasil, marcas como FuelTech e
InjePro caíram nas graças do povo por possibilitarem um melhor gerenciamento
dos motores dos carros que possuem equipamentos como esses. Com isso, o impasse
sobre qual é melhor nos antigos, o conhecido carburador ou a migração para a
injeção é um tema frequente nas rodas de conversas nos encontros, grupos de
Whatsapp e nos de mais veículos de informação usados.
Porém, no meio de tudo isso deve se fazer duas perguntas:
A injeção ou o carburador é melhor para quê? E para quem? Pois tecnologicamente
falando a injeção eletrônica é superior ao carburador sem dúvidas, mas não quer
dizer que seja melhor ou mais indicada para determinados tipos de projetos. Tendo
o ponto de partida que o preço para instalar uma injeção eletrônica programável
em um antigo seja na faixa de R$8000,00 fazendo uma instalação de qualidade, de
um produto novo e confiável, com um profissional na área podemos tentar
entender alguns casos diferentes.
Carros Originais:
Se
tratando de um antigo com a mecânica original que é destinado a somente ir em
encontros, viajens e que já atende as necessidades do dono talvez não seria tão
recomendado a instalação de uma injeção nesse tipo de veículo, mesmo que
trabalhando com o motor injetado traga mais benefícios que carburado.
Deve-se
lembrar que para obter esses benefícios será necessário despender da quantia de
R$8000. Com esse mesmo valor o proprietário do veículo poderá fazer diversas outras
coisas no carro, como um jogo de roda novo, um teto de vinil, uma pintura, ou
simplesmente rodar, pois mesmo que a injeção torne o carro mais econômico, o
dono poderá rodar muito com R$8000 de combustível.
O
simples fato de que um antigo na sua grande maioria já vir equipado com o
carburador já pesa o custo benefício para o lado carburado da balança, pois
instalar uma injeção programável em um veículo não é somente colocar o módulo.
Assim o dinheiro que pode ser utilizado para fazer tal serviço pode ser usado
para outros fins.
Preparados
leves e medianos:
Seja por qualquer motivo, uma grande parcela
de pessoas no meio do antigobilismo deseja apimentar seus carros. Esse desejo
pode vir desde da época de criança onde categorias como a Divisão 3, Stock Car
e Tursimo 5000 corriam praticamente com os mesmo carros que rodavam nas ruas (claro,
fazendo as devidas preparações), diferente de hoje onde usam se bolhas de
carros em cima de chassis tubulares, portando ver uma Opala com a lenta
embaralhando ou um Fusca envenenado não é algo tão recente. Mas mesmo se
tratando de preparações de motores antigos, a injeção também entra nesse caso.
Usando como base um Opala 6 cilindros, no qual a versão
mais forte foi a 250-S em que tinha 171cv, colocando os R$ 8000 de investimento
em uma preparação aspirada OldSchool, iremos obter um número de
potência no motor na casa dos 210 a 220cv. Com o mesmo investimento aplicado na
injeção, temos em média uma melhora de 15% no rendimento do motor, passando de
171cv para 196cv.
Entretanto, para tornar um carro realmente mais esperto
temos que dar atenção para outro parâmetro além da potência, o torque. Por
conseguir manipular melhor uma curva de ponto de ignição em um carro com
injeção eletrônica programável, consegue se ter uma curva de potência e torque
mais otimizada, logo mesmo que um carro carburado preparado de R$8000 tenha
maior pico de potência, um carro com injeção proverá uma qualidade na
experiência de acelerar maior. (Nota: Não quer dizer que um carro ande na frente
do outro, isso depende de diversos outros fatores).
Sabemos também que um projeto como esses raramente tem
fim, estando em constante evolução. Portando uma vez se começa algum tipo de
preparação deve se tentar visualizar alguns passos à frente, para que não haja
retrabalhos ou desperdícios de dinheiro. Um exemplo disso seria alguém que
turbine seu Volkswagen AP com um carburador 2E. A medida que o projeto for
evoluindo este carburador se torna um limitante, fazendo assim com que seja
necessário a substituição por uma injeção. Caso já você houvesse um
planejamento antes, evitaria o investimento de preparar um carburador para
conseguir suprimir a demanda de um carro turbo com preparação média. Essa
situação não exclusividade de carros sobrealimentados, acontecendo também em veículos
naturalmente aspirados.
Competição:
Por mais que existam carburadores de
competições e modalidades onde só permitem carros carburados, é óbvio que chega
uma fase projeto onde o carburador não da mais conta, passando a se tornar um
empecilho na busca pelo aumento de potência, portando fazendo necessário o uso
da injeção. No mundo da alta performance, onde o principal intuito é ganhar, gastos
não são levados em consideração, assim qualquer aparato que provenha vantagem e
consiga extrair mais rendimento se torna preferível. Um exemplo popular é a
arrancada no Brasil, pois mesmo que existam vários pilotos correndo com seus
carros carburados em diversos eventos, os tops das categorias profissionais
dispõe das mais avançadas tecnologias de gerenciamento do conjunto motriz.
Tal
carro tal dono.
Visto
que cada situação pedirá uma ação diferente, a única pessoa que poderá saber o
que é melhor para o uso do carro é o próprio dono. Quem vai saber melhor do que
ninguém qual uso é feito do carro é proprietário, então para que haja uma
elaboração de projeto assertiva, deve –se sentar o dono do carro e o preparador
ou mecânico para que seja discutido o uso e a proposta do carro, pois o papel
do profissional da mecânica é saber quais peças usar e trabalhar para atender o
que o cliente pede.
Logo
procurar saber se o dono do veículo já teve carros carburados antes, frequência
com que o veículo sairá da garagem, tipo de uso do carro devem ser perguntas
feitas pelos preparadores e mecânicos. Caso alguém tente “empurrar” serviço em
algum carro é recomendado se afastar desse profissional e buscar opiniões de
outras pessoas do ramo.
publicado por Nathan 14, março, 2018