Vantagens da Injeção Eletrônica


            No início dos anos 60 onde os carburadores e motores V8 dominavam as pistas de arrancadas americanas, uma marca de peças alemã chamada Bosch apresentava ao mercado o D-Jetronic, um controlador eletrônico para realizar mistura ar combustível admitido pelo motor, o precursor da injeção eletrônica como conhecemos hoje. Sendo o D-Jetronic equipado primeiramente no VW 1600 TL/E (versão alemã da nossa TL 2 portas), o equipamento foi ficando mais elaborado com o passar dos anos, chegando a equipar carros da época de montadoras como Mercedes-Benz, Citröen, Volvo e até mesmo Porsche.




            No Brasil a injeção eletrônica foi aparecer alguns bons anos mais tarde, em 1988 no conhecido Volkswagen Gol GTI. Na época, por se tratar de uma tecnologia recém chegada e portanto desconhecida pelas grandes massas, várias vezes módulos, coletores e componentes  que compunha uma injeção eletrônica era retirados para dar espaço ao famigerado carburador, com a desculpa que era muito melhor pois já era uma tecnologia conhecida. (Nota: Em períodos como esse onde uma bomba elétrica era algo de outro mundo, usavam-se o esguicho do limpador de para-brisa e peças de geladeira para se alimentar um carro preparado para competições.) Em contra partida o carburador não demorou muito para ser deixado de lado nos carros de produção, sendo o equipado por ultimo no VW Logus em 1997.



Nos dias de hoje uma injeção eletrônica vai muito além do controle de mistura do ar/combustível inserida no motor, pois por meio da Rede Can (um computador que gerencia vários fatores internos e externos de um carro) a injeção é capaz de ler, interpretar e tomar decisões diante desses dados para que mantenha o melhor funcionamento do conjunto motriz, mantendo a dirigibilidade do veículo. Dados como ignição, a direção hidráulica, o ar condicionado, controle de estabilidade, temperatura do ar que admitido, temperatura dos gases no escapamento e até o radio em determinados casos são parâmetros corriqueiros para uma injeção eletrônica moderna.
            Dito isso e diante do avanço injeções programáveis no mercado, se tornou mais cômodo passar um carro carburado para injetado, mas quais seriam as vantagens de se ter um carro antigo funcionando com injeção eletrônica? Partindo da premissa que um carburador pode ser comparado a uma torneira gotejando, concluímos que uma injeção eletrônica também seria uma torneira, porém muito mais sofisticada, mais eficiente, com uma capacidade de controle e adaptação a adversidades muito maior. E para entender melhor como e onde essas diferenças ocorrem devemos separar pelos seguintes tópicos:




-      Segurança:
Não é mistério que um carro com injeção eletrônica é mais seguro que carro carburado, visto que não será um cisco ou uma poeira no carburador que arruinará sua viagem. Lógico que para um funcionamento ideal de um carro que foi passado para injeção, necessita-se primordialmente de uma boa instalação e de um profissional competente que faça a regulagem correta das funções e parâmetros de acordo com a configuração da mecânica e com os sensores utilizados, para que assim o gerenciamento do motor e os modos de segurança da injeção funcionem corretamente, de forma como foram projetados.

Os modos de segurança de uma injeção programável podem funcionar de diversas maneiras. Por pressão de turbo, limite de RPM, quantidade de ponto, empobrecimento ou enriquecimento da mistura, pressão de óleo e diversos outros. Um exemplo de como funciona esses modos seriam um carro programado para ter no mínimo 4Kg de pressão de óleo acima de 3000 giros por minuto. Caso por alguma eventualidade ou uma deficiência na lubrificação essa pressão não seja mantida acima dos da quantidade de giros estabelecida, o preparador pode programar a injeção para avisar na tela, cortar as rotações para um limite seguro e até mesmo desligar o carro para que seja prevenido qualquer dano maior ao motor do veículo. Isso além de senhas que podem ser inseridas no momento de dar a partida no veículo, funcionando assim também como um antifurto para nossos antigos.

-      Performance:
Sempre se levanta a questão se um carro quando convertido para injeção ganha performance, mesmo com a ausência de sobrealimentação (turbo, supercharger, procharger...) e com seus componentes internos permanecendo originais. A partir do momento em que se tem um controle mais preciso da quantidade de ar/combustível admitido e da curva de ignição em baixas, medias e altas rotações o desempenho do carro melhorará consideravelmente, porque um carro com uma mistura e ponto ideal em todos os regimes de funcionamento rende muito mais, assim obtendo melhor consumo de combustível e mais potência, melhorando qualidade do que o motor pode nos proporcionar. No outro lado temos o carburador, que trabalha o giclê de baixa e o de alta, isso quando se consegue trabalhar os dois de forma independente, obrigando o carburador a ser mediano em tudo ou muito bom em uma faixa de rotação e péssimo nas outras.
Isso se tratando de carro um a interna do motor original e sem sobrealimentação. Quando adicionamos um turbo compressor ou um comando bravo, a injeção eletrônica se mostra mais eficaz na calibragem para o melhor funcionamento do conjunto e mais suscetível a alcançar maiores números de potência. Essa diferença de acerto de carro preparado entre carburador e injeção fica mais acentuada principalmente nos carros sobrealimentado, onde o motor passa a receber pressão positiva, portanto adequar um carburador para esse uso é muito mais difícil e trabalhoso do que uma injeção.

-      Banguela: Carburado X Injetado
Não é mistério para nós o que é o ato de banguelar um carro (andar com o veículo desengrenado), porém algumas consideração devem ser feitas diante o assunto tratado:
1)    Poucas pessoas sabem, mas semelhante a uma injeção original, na injeção programável podemos estipular a que RPM podemos cortar o combustível quando a borboleta estiver fechada, fazendo assim que o  carro economize combustível quando engrenado, ao contrario do que é pensado em relação a andar na banguela com carros injetados. Um exemplo disso seria um Opala 6 cilindros injetado bem regulado descendo uma serra engrenado pode chegar ate economia de 100%, não gastando uma gota de combustível.

2)    Em carros carburados não adianta nada deixar o automóvel engrenado e desligar o motor. Pois além de ser algo perigoso circular com o veículo desligado, a maioria dos carros carburados originais usam bomba mecânica para levar o combustível até a câmara de combustão, logo não faz sentido desligar o veículo, pois o não haverá centelha, com isso a mistura desce e contamina o óleo, prejudicando a vida útil do motor. Em casos mais graves pode ocorrer a quebra do motor e até incêndios.

-      Facilidade para fazer o acerto fino:
Acertar um carro é uma arte, independente se é ele carburado ou injetado. Porém um ponto positivo a mais para a injeção seria a possibilidade de acerto fino remoto em determinados módulos de injeções programáveis (por exemplo a linha Power FT da FuelTech). Pode-se fazer a calibragem ideal do veículo pela internet, dependendo do módulo e software usado, não necessitando que o preparador de confiança do dono do veículo esteja presente, algo que é impossível com o carburador.



-      Adaptabilidade:
Devido a capacidade de uma injeção ler e compreender os fatores externos, ela se torna muito mais capaz a se adaptar as condições e situações diferentes do que o carburador, assim mantendo a constância do funcionamento do veículo. Por exemplo um carro carburado que montado e acertado em lugar quente não terá o mesmo rendimento e confiabilidade caso viaje para um lugar frio (em casos mais extremos talvez nem funcione), o que não acontece com no caso de um carro injetado.

Diante de tudo isso podemos chegar a conclusão que as injeções programáveis superaram as originais de fábrica, visto que a possibilidade de manipular vários parâmetros de funcionamentos é algo que não é possível ou prático de se fazer em uma injeção original. Com isso entendemos que a injeção eletrônica vai além de um carro que sempre pega quando bate na chave e que uma injeção programável seria muito mais recomendada no caso de passar um veículo carburado para injetado.

Porém, como nem tudo são flores, todas essas vantagens cobram o seu preço. Apesar de hoje no Brasil contarmos com marcas renomadas no cenário nacional, o custo de aquisição de uma injeção ainda não se tornou algo barato, em vista que para se tirar um carburador e se instalar uma injeção se utiliza muitos outros componentes além do módulo, como por exemplo: bicos, flauta, coletor, borboleta, sensores, sonda, chicote, bomba elétrica, dosador, bobina, roda fônica ou distribuidor hall e por ai segue a lista. O custo somente de peças para tirar um carburador montar uma injeção eletrônica básica, mantendo o distribuidor seria por volta de R$ 3500,00.
Uma outra alternativa talvez seria os kits de injeção FiTech. Comprando por representação oficial sairá por R$7000,00, porém para fins de performance essa injeção não é recomendada, uma vez quando o foco é alto rendimento um sistema mais fechado como a da FiTech não é vantajoso. Caso você não conheça, a FiTech é uma injeção programável americana onde o corpo de borboleta que compõe o kit tem a aparência semelhante a de um carburador quadrijet, buscando manter a aparência do cofre do motor de um carro carburado.
Diante disso temos outro porém: A dificuldade de instalação. Além de demandar do profissional muito conhecimento técnico de mecânica e elétrica, a dificuldade de instalação de uma injeção acontece principalmente por dois motivos:
1)    Quase sempre veículos de mais idade precisam de uma manutenção, mesmo que leve e em uma adequação técnica como tirar um carburador e colocar uma injeção não seria diferente. Um parafuso do coleto de admissão que se quebra, um sensor que não se fixa direito e acaba precisando de mais atenção, um reparo na elétrica original do veículo que se deve fazer para que não haja interferências no funcionamento do módulo de injeção, é fácil a lista se estender.

2)    Não quer dizer você comprou coletor de Opala 6 cilindros para 6 bicos para injetar seu carro que ele vai encaixar perfeitamente de primeira. Adaptações serão necessárias, tarefas como fabricação do suporte do cabo do acelerador, fazer e passar a linha de combustível no carro, tampar da maneira certa o buraco do distribuidor (uma vez que este toca a bomba de óleo) são etapas normais na montagem de um carro injetado.
Portanto o tempo hábil de se fazer uma instalação de uma injeção simples em um carro carburado seria por entorno de 15 dias, com preço por volta de R$1500,00. (Lembrando, todos esses preços podem variar de região para região e com data que estiver lendo este texto).
Bom, como veredito final podemos concluir que as vantagens de se instalar a uma injeção em um carro carburado não são poucas e definitivamente não são à toa, pois melhor consumo de combustível, mais desempenho, facilidade de acerto, mais segurança são atributos que imagino que todos que almejam para nossos clássicos.  Porém como não se trata de um investimento baixo, a instalação de uma injeção eletrônica em um carro carburado esta ligada diretamente ao uso que o proprietário faz do veículo, pois caso não haja necessidade de fazer está transformação, não se julga necessário despender tais valores.

publicado por Matheus 04, junho, 2018








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