Vantagens da Injeção Eletrônica
No início dos anos 60 onde os
carburadores e motores V8 dominavam as pistas de arrancadas americanas, uma
marca de peças alemã chamada Bosch apresentava ao mercado o D-Jetronic, um
controlador eletrônico para realizar mistura ar combustível admitido pelo
motor, o precursor da injeção eletrônica como conhecemos hoje. Sendo o
D-Jetronic equipado primeiramente no VW 1600 TL/E (versão alemã da nossa TL 2
portas), o equipamento foi ficando mais elaborado com o passar dos anos,
chegando a equipar carros da época de montadoras como Mercedes-Benz, Citröen,
Volvo e até mesmo Porsche.

Nos
dias de hoje uma injeção eletrônica vai muito além do controle de mistura do
ar/combustível inserida no motor, pois por meio da Rede Can (um computador que
gerencia vários fatores internos e externos de um carro) a injeção é capaz de
ler, interpretar e tomar decisões diante desses dados para que mantenha o
melhor funcionamento do conjunto motriz, mantendo a dirigibilidade do veículo. Dados
como ignição, a direção hidráulica, o ar condicionado, controle de estabilidade,
temperatura do ar que admitido, temperatura dos gases no escapamento e até o
radio em determinados casos são parâmetros corriqueiros para uma injeção
eletrônica moderna.
Dito isso e diante do avanço injeções programáveis no
mercado, se tornou mais cômodo passar um carro carburado para injetado, mas
quais seriam as vantagens de se ter um carro antigo funcionando com injeção
eletrônica? Partindo da premissa que um carburador pode ser comparado a uma
torneira gotejando, concluímos que uma injeção eletrônica também seria uma
torneira, porém muito mais sofisticada, mais eficiente, com uma capacidade de
controle e adaptação a adversidades muito maior. E para entender melhor como e
onde essas diferenças ocorrem devemos separar pelos seguintes tópicos:
-
Segurança:
Não é
mistério que um carro com injeção eletrônica é mais seguro que carro carburado,
visto que não será um cisco ou uma poeira no carburador que arruinará sua
viagem. Lógico que para um funcionamento ideal de um carro que foi passado para
injeção, necessita-se primordialmente de uma boa instalação e de um
profissional competente que faça a regulagem correta das funções e parâmetros
de acordo com a configuração da mecânica e com os sensores utilizados, para que
assim o gerenciamento do motor e os modos de segurança da injeção funcionem
corretamente, de forma como foram projetados.
Os
modos de segurança de uma injeção programável podem funcionar de diversas
maneiras. Por pressão de turbo, limite de RPM, quantidade de ponto,
empobrecimento ou enriquecimento da mistura, pressão de óleo e diversos outros.
Um exemplo de como funciona esses modos seriam um carro programado para ter no
mínimo 4Kg de pressão de óleo acima de 3000 giros por minuto. Caso por alguma
eventualidade ou uma deficiência na lubrificação essa pressão não seja mantida
acima dos da quantidade de giros estabelecida, o preparador pode programar a
injeção para avisar na tela, cortar as rotações para um limite seguro e até
mesmo desligar o carro para que seja prevenido qualquer dano maior ao motor do
veículo. Isso além de senhas que podem ser inseridas no momento de dar a partida
no veículo, funcionando assim também como um antifurto para nossos antigos.
-
Performance:

Isso
se tratando de carro um a interna do motor original e sem sobrealimentação. Quando
adicionamos um turbo compressor ou um comando bravo, a injeção eletrônica se
mostra mais eficaz na calibragem para o melhor funcionamento do conjunto e mais
suscetível a alcançar maiores números de potência. Essa diferença de acerto de
carro preparado entre carburador e injeção fica mais acentuada principalmente
nos carros sobrealimentado, onde o motor passa a receber pressão positiva,
portanto adequar um carburador para esse uso é muito mais difícil e trabalhoso
do que uma injeção.
-
Banguela:
Carburado X Injetado
Não é
mistério para nós o que é o ato de banguelar um carro (andar com o veículo
desengrenado), porém algumas consideração devem ser feitas diante o assunto
tratado:
1) Poucas
pessoas sabem, mas semelhante a uma injeção original, na injeção programável
podemos estipular a que RPM podemos cortar o combustível quando a borboleta
estiver fechada, fazendo assim que o
carro economize combustível quando engrenado, ao contrario do que é
pensado em relação a andar na banguela com carros injetados. Um exemplo disso
seria um Opala 6 cilindros injetado bem regulado descendo uma serra engrenado
pode chegar ate economia de 100%, não gastando uma gota de combustível.
2)
Em carros carburados não adianta nada deixar o
automóvel engrenado e desligar o motor. Pois além de ser algo perigoso circular
com o veículo desligado, a maioria dos carros carburados originais usam bomba
mecânica para levar o combustível até a câmara de combustão, logo não faz
sentido desligar o veículo, pois o não haverá centelha, com isso a mistura
desce e contamina o óleo, prejudicando a vida útil do motor. Em casos mais
graves pode ocorrer a quebra do motor e até incêndios.
-
Facilidade
para fazer o acerto fino:
Acertar
um carro é uma arte, independente se é ele carburado ou injetado. Porém um
ponto positivo a mais para a injeção seria a possibilidade de acerto fino
remoto em determinados módulos de injeções programáveis (por exemplo a linha
Power FT da FuelTech). Pode-se fazer a calibragem ideal do veículo pela
internet, dependendo do módulo e software usado, não necessitando que o
preparador de confiança do dono do veículo esteja presente, algo que é
impossível com o carburador.
-
Adaptabilidade:
Devido
a capacidade de uma injeção ler e compreender os fatores externos, ela se torna
muito mais capaz a se adaptar as condições e situações diferentes do que o
carburador, assim mantendo a constância do funcionamento do veículo. Por
exemplo um carro carburado que montado e acertado em lugar quente não terá o
mesmo rendimento e confiabilidade caso viaje para um lugar frio (em casos mais
extremos talvez nem funcione), o que não acontece com no caso de um carro
injetado.
Diante
de tudo isso podemos chegar a conclusão que as injeções programáveis superaram
as originais de fábrica, visto que a possibilidade de manipular vários
parâmetros de funcionamentos é algo que não é possível ou prático de se fazer
em uma injeção original. Com isso entendemos que a injeção eletrônica vai além
de um carro que sempre pega quando bate na chave e que uma injeção programável
seria muito mais recomendada no caso de passar um veículo carburado para
injetado.
Porém,
como nem tudo são flores, todas essas vantagens cobram o seu preço. Apesar de
hoje no Brasil contarmos com marcas renomadas no cenário nacional, o custo de
aquisição de uma injeção ainda não se tornou algo barato, em vista que para se
tirar um carburador e se instalar uma injeção se utiliza muitos outros
componentes além do módulo, como por exemplo: bicos, flauta, coletor,
borboleta, sensores, sonda, chicote, bomba elétrica, dosador, bobina, roda
fônica ou distribuidor hall e por ai segue a lista. O custo somente de peças
para tirar um carburador montar uma injeção eletrônica básica, mantendo o
distribuidor seria por volta de R$ 3500,00.
Uma
outra alternativa talvez seria os kits de injeção FiTech. Comprando por
representação oficial sairá por R$7000,00, porém para fins de performance essa
injeção não é recomendada, uma vez quando o foco é alto rendimento um sistema
mais fechado como a da FiTech não é vantajoso. Caso você não conheça, a FiTech
é uma injeção programável americana onde o corpo de borboleta que compõe o kit
tem a aparência semelhante a de um carburador quadrijet, buscando manter a
aparência do cofre do motor de um carro carburado.
Diante
disso temos outro porém: A dificuldade de instalação. Além de demandar do
profissional muito conhecimento técnico de mecânica e elétrica, a dificuldade
de instalação de uma injeção acontece principalmente por dois motivos:
1) Quase
sempre veículos de mais idade precisam de uma manutenção, mesmo que leve e em
uma adequação técnica como tirar um carburador e colocar uma injeção não seria
diferente. Um parafuso do coleto de admissão que se quebra, um sensor que não
se fixa direito e acaba precisando de mais atenção, um reparo na elétrica
original do veículo que se deve fazer para que não haja interferências no
funcionamento do módulo de injeção, é fácil a lista se estender.
2) Não
quer dizer você comprou coletor de Opala 6 cilindros para 6 bicos para injetar
seu carro que ele vai encaixar perfeitamente de primeira. Adaptações serão
necessárias, tarefas como fabricação do suporte do cabo do acelerador, fazer e
passar a linha de combustível no carro, tampar da maneira certa o buraco do
distribuidor (uma vez que este toca a bomba de óleo) são etapas normais na
montagem de um carro injetado.
Portanto
o tempo hábil de se fazer uma instalação de uma injeção simples em um carro
carburado seria por entorno de 15 dias, com preço por volta de R$1500,00.
(Lembrando, todos esses preços podem variar de região para região e com data
que estiver lendo este texto).
Bom,
como veredito final podemos concluir que as vantagens de se instalar a uma
injeção em um carro carburado não são poucas e definitivamente não são à toa,
pois melhor consumo de combustível, mais desempenho, facilidade de acerto, mais
segurança são atributos que imagino que todos que almejam para nossos
clássicos. Porém como não se trata de um
investimento baixo, a instalação de uma injeção eletrônica em um carro
carburado esta ligada diretamente ao uso que o proprietário faz do veículo,
pois caso não haja necessidade de fazer está transformação, não se julga
necessário despender tais valores.
publicado por Matheus 04, junho, 2018